Na minha nova coluna no Vida Mais Livre, abordo o tema "perdas intestinais".
Todos nós tetraplégicos, sabemos o quanto é difícil e imprevisível controlar o nosso intestino e por sua vez "treino intestinal". É óbvio que em uns é mais complicado que em outros.
Verifico que a maioria fica aliviadissíma ao saber que não é o único a ter acidentes intestinais e problemas, por isso, embora seja desconfortável falar no assunto por se tratar de algo íntimo, é importante que o façamos, para que nossas trocas de experiências nos possam ser úteis, e ajudarmo-nos mutuamente.
Todas as pessoas com lesão medular têm o potencial para perdas intestinais involuntárias, devido à falta de sensação, e a incapacidade de sentir quando o intestino reto está cheio. Nada a fazer.
Para mim, estes acidentes intestinais, são um dos aspectos mais angustiantes das nossas vidas pós-lesão. Têm um enorme impacto negativo sobre a nossa autoconfiança, limitam nosso convívio social, prática de desporto, dificultam-nos o emprego...
Nessas horas parece que até a dignidade desaparece, sentimo-nos indefesos, limitados, frágeis, envergonhados e até incapazes. É muito constrangedor. Principalmente, o que mais desejaríamos era não ter que nos entregar nas mãos dos outros, quando nos acontece uma perda. É muita impotência...Embora maioria das vezes sejam pessoas habituadas a fazerem essa tarefa, é sempre um momento muito desagradável.
Eu não consigo nunca disfarçar o mal estar. Faríamos tudo para que esses momentos não existissem. Se fossemos capazes de nos limpar, vestir e fazer de conta que nada aconteceu... tudo seria diferente. Digo-vos, para mim é um momento que ainda não consigo viver sem constrangimento, angústia, vergonha e pedidos de desculpa contínuos. Acho que é um dos momentos que eu sinto mais minha deficiência e até incapacidade. Mas fazer o que?
Em 19 anos de lesão tive uma perda fora do dia do "treino intestinal". É excelente e sinto-me muito feliz por isso. Embora não seja dos mais afetados, o dia do "treino" (dia e hora que educamos com apoio de laxantes o intestino a funcionar) para mim é um sofrimento. Um dia que desejaria nunca ter. Cólicas, suores, mal estar, ansiedade, falta de apetite...nestes dias, não vivo. Sobrevivo. Não viajo, evito esforços, isolo-me, mudo a alimentação, não ingerindo fibras...
Felizmente no outro dia estou normalíssimo e parece que nada aconteceu. Estou sem sintomas nenhuns e apto para tudo, isto se estiver em minha casa. Mas se for viajar e dormir noutros lugares e claro colchões, coração está sempre na mão com a preocupação de que será hoje? Logo aqui que não têm colchão impermeável...cadeira de banho...casa de banho adaptada....pessoas que desconhecem esta minha situação...sempre este fantasma na minha vida.
Um assunto interessante.
ResponderEliminarMas deveras preocupante para o tetra e paraplégico, uma verdadeira aventura andar na rua quando não tem treino.
Para regular e tentar o equilíbrio, leva tempo e paciência, não desanimem que serão capazes.
Bom artigo, parabéns.
Não é fácil, mas tudo se ultrapassa.
ResponderEliminarEmbora haja casos e casos...
Obrigado pelo comentário.
Gostei muito do texto, Eduardo! Parabéns!
ResponderEliminarCompartilharei com os leitores do blog.
Abraços e boa semana!
Perfeito, retrato puro do que ocorre no dia D. Obrigado pelo modo que enfocou o problema.
ResponderEliminarVERA, obrigado!
ResponderEliminarWILSON, diferentes, mas com problemas em comum...obrigado pela visita e carinho.
Fiquem bem.
Dia de treino é sempre mau. Mas Eduardo, estranhei quando disseste k nao comias fibras! É que normalmente é o contrario que se aconselha. Fibras fazem o mesmo efeito que o Laevolac pk não são digeridas e atraem água para as fezes, tornando-as mais moles. Logo, o ideal é sempre beber mt água. E mesmo qualquer alteraçao dietética deve ser contínua. Não adiantar só beber água no dia do treino ou não comer fibras só nesse dia. Eu pessoalmente detesto Laevolac e aconselho uns sugos Frutos & Fibras dos Laboratórios Ortis. Foi me aconselhado por uma nutricionista paraplégica. http://www.fruitsetfibres.com/pt/index.php?option=com_content&view=article&id=27&Itemid=12.
ResponderEliminarAtenção que é bastante potente. Ela aconselhou me na altura a começar com meio sugo. Espero que ajude alguem como ajudou a mim.
Obrigado pela informação David.
ResponderEliminarEu faço uma alimentação á base de fibras. Hidratos se como numa refeição, noutra já não o faço. Dificilmente como uma refeição sem fibras. Até porque gosto e sempre tentei ter uma alimentação equilibrada.
Quando digo que não como fibras, refiro-me ao dia do treino. Nesse dia é que modero, como menos. Se as ingiro, cólicas ficam mais fortes e chega-me a acontecer perdas.Somente dia treino. Restantes dias água e fibras tudo em grande quantidade.
Mas o sugo só o usas dia anterior ao treino, ou todos os dias?
Vou sim ver com calma e de certeza que vou experimentar. Prefiro mil vezes produtos naturais.
Fica bem
O meu treino consiste em 2 Pursunnide de manhâ e depois à noite faço o treino com 2 Microlax. Isto de dois em dois dias. Quando andava mais preso comia esse sugo junto com os Pursunnide. Se realmente as fibras se fazem tanto efeito, aconselho a só experimentares meio sugo. Todos somos diferentes. Eu experimentei trocar o Pursunnide por Dulcolax e este ultimo dava-me imensas cólicas e perdas tb. O Agiolax tabém é mais natural que o Laevolac.
ResponderEliminarEsclareceste-me muita coisa. Obrigado David.
ResponderEliminarEstive entre experimentar o Agiolax e o Pursunnide. Optei pelo Agiolax. Por enquanto tudo normal. Vamos ver...
Microlax a mim não faz efeito. Nada mesmo. Só supositórios dulcolax. E dois.
Meu é assim: 1 a 2 comp. dulcolax perto das 24h do dia anterior ao treino (quando me viro), de manhã 2 supositórios. Agiolax todos os dias uma colher de sopa ao jantar.
Mas entretanto linhaça, muiiitas fibras, ameixas, kiwis, mamão, água qb, 1 gr de vitamina C...
Fica bem