quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Mergulho pode ser adoptado como terapia para deficientes

A liberdade de movimentos alcançada debaixo de água pode ser benéfica para deficientes motores e mentais. O mergulho já começou a ser experimentado por pessoas com necessidades especiais e no futuro poderá ser adoptado como terapia de reabilitação.

“Foi espectacular. É quase como estar no espaço”, desabafa Hélder Mestre, 43 anos, que há 23 ficou tetraplégico num acidente de viação. “Nós por vezes temos a mania de nos impor limites. Isto é bom para as outras pessoas saberem que posso fazer mergulho sem problemas”, salienta.

Hélder Mestre faz parte de um grupo de nove pessoas com dificuldades de locomoção, que, após um primeiro mergulho com botija em piscina, foi baptizado no mar junto à praia da Baleeira, em Sesimbra.

“Senti-me livre e mais forte uma vez que não encontro mais um obstáculo”, relata o paraplégico Luís André, 37 anos. “Sentimo-nos completamente leves. E qualquer coisa que fazemos com os braços o nosso corpo responde”, realça, desejando repetir a experiência.

Já para Dália Faria, 39 anos, que sofre de tetraparésia espastica, o mergulho “é brutal”. “Foi fascinante ver a vida lá em baixo e perceber que não sinto barreiras”, descreve, radiante. “Isto só mostra que nada é impossível. A mobilidade aumenta, a coordenação melhora e diminui o peso da espasticidade”, argumenta.

“Existem vários médicos no mundo que apontam o mergulho como uma terapêutica alternativa”, garante Paulo Guerreiro, da Disabled Divers Internacional (DDI), que neste baptismo de mergulho teve o apoio da Associação Salvador.

A DDI está a dar os primeiros passos em Portugal para, com o apoio de médicos, promover o mergulho como uma terapia para pessoas com deficiência, à semelhança do que acontece noutros países. “Há quase ausência de gravidade e pressão em todos os pontos. Isto relaxa os músculos, o que do ponto de vista de saúde, é muito bom”, acrescenta Paulo Guerreiro, empenhado em formar instrutores especializados de Norte a Sul do país.

A terapeuta ocupacional, Rita Santos, também só vê benefícios na prática do mergulho por deficientes. “Sentem-se integrados e dentro de água não sentem as limitações cá de fora”, sintetiza.
Fonte: JN

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