No Verão do ano passado, Andreia, ainda caloira de Jornalismo na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em Vila Real, ouviu falar de um projecto desenvolvido pelo Padre Manuel Antunes, em Fátima, dedicado a cuidar de pessoas deficientes para que as suas famílias possam ir de férias. "Passei por aqui, fiquei um dia, era o tempo que tinha", conta. Mas aquilo não lhe saiu da cabeça, achou que "era capaz de fazer mais" e este ano, apesar de ter decidido trabalhar durante as férias, "ganhar uns tostões", guardou uma semana para se entregar àquele retiro. "Na verdade, são só quatro dias, mas é muito importante para aquelas pessoas. Provavelmente, este é o único bocadinho do ano em que elas são realmente o centro das atenções."
Andreia Magalhães, agora com 18 anos, vive em Fátima, perto do Santuário. Diz que não concebe a ideia de conhecer aquele projecto e não fazer parte dele. "Já o ano passado tinha sentido isto, que entramos aqui vazios e saímos com muito mais. Vimos para dar, mas somos nós quem mais recebe. É uma espécie de chamamento." E parte desse apelo, confessa, vem das próprias pessoas a quem dedica o seu tempo. "Feliz ou infelizmente, não tenho pessoas com deficiências na família, mas são eles que nos dão a força de que precisamos para estar aqui."
Tal como o resto da equipa, toda jovem, acorda cedo e ali fica 24 horas. Alimenta, brinca, dá banho, dorme ao lado, vigia permanente. Nada que a atrapalhe. O grupo é todo constituído por rapazes, o mais novo tem 12 anos, o mais velho mais de 40. "O mais difícil é equilibrar a afectividade com a distância. São pessoas muito solitárias, sem amigos, com grandes carências. É preciso ter cuidado para não ficarem viciados em nós".
Fonte: JN
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